"ACUMULA-DORES” – As Dores Acumuladas Durante a Vida (Por Vanessa Tagliari)
Já deve ter assistido a programas de TV americanos, em que uma equipa de organizadores profissionais, psicólogos e equipa de limpeza vão até casa dos “acumuladores” para os ajudar a remover os excessos, limpar e organizar a casa.
No entanto, isso não é um desafio somente para os americanos. Atualmente, estima-se que 19 milhões de pessoas sofram com o transtorno de acumulação.
Esses programas televisivos contam apenas parte das histórias, por isso hoje vamos aprofundar um pouco mais desse universo que nos parece tão distante, mas que na realidade pode estar a acontecer bem perto de si.
Muitas pessoas que vivem em situação de acúmulo, conseguem esconder a sua situação, guardando a acumulação a sete chaves dentro de suas casas.
Ao contrário do que se pode pensar, muitas das pessoas que sofrem com a acumulação são pessoas bem-sucedidas, com boa condição financeira e bem relacionadas, que se destacam na sua profissão, possuidoras de cultura, mas que lutam contra a doença há anos e não comentam com ninguém.
Em muitos casos, o transtorno pode manifestar-se após um evento traumático ou vários deles seguidos, como a perda de uma ou mais pessoas amadas num curto espaço de tempo, o ter presenciado um acidente terrível, ser diagnosticado com uma doença grave, sofrer de violência ou abuso. Além disso, o transtorno de acumulação pode ter as suas origens em fatores neurológicos, físicos e mentais.
As pessoas que acumulam tem um comportamento semelhante ao de pessoas acometidas por vícios. Muitas vezes o transtorno de acumulação vem acompanhado de outras comorbidades, como depressão, ansiedade, TOC, TDHA, entre outros.
Ter um familiar que vive em situação de acúmulo também pode desencadear esse comportamento, o que ainda não está comprovado cientificamente como sendo algo hereditário, mas sim como um comportamento de espelho, em que a pessoa copia o comportamento do familiar sem se dar conta do facto.
Um luto não vivenciado também pode desencadear um comportamento acumulador. O luto a que me refiro não é apenas o luto de perda por morte, mas também a alguma perda que se tenha sofrido, como uma separação brusca de alguém que se ama ou mesmo de bens materiais.
Alguns sinais de que uma pessoa pode estar acumulando em sua casa:
A pessoa não gosta de convidar ninguém para sua casa, prefere ser convidada para sair, quando é proposta alguma atividade, como comemorações de aniversários, datas comemorativas etc… Ela prefere que seja em qualquer outro sítio que não em sua casa.
A pessoa apresenta sinais de mudança negativa na sua rotina, começa a atrasar pagamentos, atrasa-se para o trabalho, começa a descuidar-se na sua aparência e dá sinais de que dorme mal.
Algumas atitudes que você pode ter para ajudar essa pessoa efetivamente:
Visite-a mesmo que ela não queira, mantenha-se por perto para observar e auxiliar, evite deixá-la isolar-se do convívio com os amigos e familiares.
Incentive-a a fazer terapia para melhorar sua visão de existência (na verdade, todos devíamos fazer terapia).
O primeiro passo para toda intervenção de ajuda a uma pessoa que vive em situação de acúmulo é a CONSCIENCIALIZAÇÃO da própria pessoa, pois sem isso nada pode ser feito.
Por isso, se precisar de auxílio sobre como trabalhar essa consciencialização, procure ajuda de um profissional de organização habilitado para isso e/ou um profissional de saúde como um psicólogo ou um psiquiatra.
Após a consciencialização, será possível iniciar a intervenção, o trabalho de triagem dos pertences e organização. E lembre-se, a limpeza da casa poderá muitas vezes requerer uma ajuda especializada.
É por isso que eu recomendo sempre um trabalho multidisciplinar e por isso colaboro com a DEATHCLEAN.
Contacto: vanessatagliariorganizadora@gmail.com ou +351 919 792 565
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