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O impacto da acumulação no contexto familiar

  • Foto do escritor: Vanessa Tagliari
    Vanessa Tagliari
  • 21 de mai. de 2021
  • 4 min de leitura

Atualizado: 14 de set. de 2021

Como ter uma pessoa que acumula ao extremo, pode afetar toda uma família.


Conviver com uma pessoa que acumula pode ser brutalmente impactante para a vida dos familiares. Por um lado, existe o familiar que quer e tenta ajudar de todas as formas que sabe, mas nem sempre este familiar tem conhecimento profundo sobre o que realmente é o transtorno de acúmulo e acaba por meter os pés pelas mãos, por outro lado, significa que este familiar entende que existe um problema maior do que uma simples bagunça e essa vontade de ajudar é legitima.

Algumas atitudes quando tomadas na tentativa de ajudar, podem ser extremamente prejudiciais para quem sofre com o transtorno de acumulação, por exemplo:

Deitar fora os objetos da pessoa que acumula, sem o conhecimento e consentimento da mesma, além de não proporcionar ajuda pode agravar a situação emocional de quem acumula, pois quando ela notar que foi lhe retirado algo que para ela tem imenso valor, sem o seu consentimento ela pode entrar em crise de ansiedade e até depressão.

Pode também se tornar agressiva com quem retirou os pertences dela, e mais reclusa, evitando assim a visita deste familiar se este não habitar na mesma casa.

Os familiares que convivem com uma pessoa em situação de acúmulo sofrem também e muito, pois ficam tristes e muitas vezes se veem impotentes diante da situação. Podem acabar por desenvolver um sentimento de incapacidade, vergonha, e alguns familiares chegam até a um ponto extremo de pensar em suicídio.

Eu já atendi familiares de pessoas em situação de acúmulo, que relataram esse tipo de pensamento, por se sentirem demasiado frustradas por não conseguirem ajudar e por terem que conviver com a acumulação alheia.

Os familiares relatam o sofrimento por não terem um espaço próprio dentro da casa, muitas vezes ficam apenas com um pequeno espaço em uma cama para dormir, não existe espaço limpo para confecionar uma refeição, tomar um simples banho pode ser uma tarefa demasiado complicada quando se tem a casa de banho obstruída por objetos diversos e muitas vezes com lixo e animais em excesso.

Alguns familiares de pessoas em situação de acúmulo também relatam sobre como a acumulação deste familiar afeta diretamente a sua autoestima, a pessoa deixa de se amar, deixa de ser produtiva em seu trabalho, pois a frustração de não conseguir ajudar o “acumulador”, e a convivência com a acumulação durante vários anos, afeta diretamente o seu estado mental, gerando vários tipos de sentimentos negativos.

As consequências da convivência com uma pessoa que acumula são variadas, entre elas estão: divórcio, distanciamento emocional e físico, conflitos dentro de casa, crise emocional nos filhos, depressão, entre outros.

Sem falar nos casos onde há crianças envolvidas em uma situação de acúmulo, recentemente vimos um caso em Portugal, que foi noticiado nacionalmente nos meios de comunicação, o qual a limpeza da casa foi efetuada pela própria DEATHCLEAN, onde havia uma criança de 4\5 anos, envolvida em um caso de acumulação extrema, e o fim é sempre muito triste, pois a criança acabou por ser institucionalizada após a internação psiquiátrica da mãe e avó que acumulavam.

Casos como este servem de alerta para todos nós, pois o transtorno de acumulação é um transtorno mental que deve ser levado a sério por todos, é algo grave, perturbador e mais comum do que imaginamos.

Então a maneira mais eficaz de prestar ajuda a uma pessoa que acumula, é prestar atenção aos primeiros sinais, tendo em mente que:

A principal característica de quem sofre do transtorno de acumulação é o APEGO EXCESSIVO AS COISAS.

Bem antes de ter a casa cheia de objetos em excesso, úteis, inúteis e até lixo, a pessoa demonstra sinais que podemos observar.

Tudo parece uma bobagem por isso é tão difícil de identificar como um problema de saúde mental.

Alguns exemplos de coisas que parecem bobagem:

(a)- Uma mãe que já tem os filhos adultos e ainda guarda todas as roupinhas de bebé, não uma nem duas lembranças, mas varias ou TODAS as roupinhas de bebé, sem nenhuma justificativa aceitável para guardar e também não permite que ninguém mexa nestes pertences.

(b)- Guarda diversos tipos de coisas aleatórias como desculpa de que pode precisar algum dia, não se desfaz de nada, nunca, e não existe um critério de organização para guardar.

(c)- Criança ou jovem que demonstra muita dificuldade em desapegar de seus pertences, atitudes que inocentemente classificamos como “normais para a idade”, e então os pais acabam tirando e doando roupas e brinquedos escondido para evitar o estresse de ter que lidar com o apego daquela criança, muitas ainda demonstram apego aos bens comuns da casa, como por exemplo uma criança que fica muito aborrecida quando os pais decidem trocar o sofá ou o frigorífico.

(d)-Compra alimentos em excesso, ao ponto de não conseguir consumir tudo e assim eles estragam no frigorifico e na despensa, e mesmo assim se recusa a deitar fora com a desculpa de que passou muita necessidade na infância ou qualquer outra justificativa.

Todas essas características podem ser observadas com atenção e empatia, sempre que desconfiar que uma pessoa possa estar acumulando em excesso, procure ajuda de profissionais como psicólogos, psiquiatras e assistente social para lhe orientar e lhe dar o suporte necessário para oferecer ajuda efetiva a esta pessoa.

Concluindo, se você notar que alguém da sua convivência demonstra apego excessivo às coisas, se irrita quando você fala em fazer escolhas e deitar um pouco fora, mantem diversos tipos de itens guardados sem o mínimo critério de ordem e limpeza, considere buscar ajuda de um profissional de saude mental para que o disgnóstico seja feito o quanto antes e assim a ajuda será realmente efetiva para esta pessoa.


Este artigo contou com a revisão de Jaqueline Moreno

Organizadora profissional em Minas gerais – Brasil.

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